sábado, 19 de março de 2011

Maria





O cansaço em seu rosto
Tira-lhe a beleza
Não trabalha
Se escraviza.
Doa o seu corpo
Em troca de um prato de comida.

O brilho de seu olhar
Antes, alegria por sonhar,
Foi substituído pelo reflexo
Do sol quente
Naquela lágrima contida.

Acreditava que sobre a cabeça,
Lá do alto
Alguém olhava por ela.
Mal sabia Maria,
Que lá nada tinha.

Fora cega pela própria esperança
Que a traiu quando criança.
Enxergava do seu futuro,
Um mundo a colorir.
Mas com matauridade,
Não viu nada além da realidade
De cada sofrido dia.
Nada além da morte que já sabia.

Pobre Maria ainda dizia:
"Acredita naquele senhor
Que prometeu que jamais nos esqueceria,
Que logo voltaria"
Pobre Maria,
Mal sabia que era mentira.

E a cada dia que passava,
Mais Maria se empenhava
Ao agrado daquele que a salvaria.
Pobre Maria,
Ainda sonhava com a calmaria,
Pensava que para o paraíso iria.

Cada vez mais dor,
Mais ignoravam aquele vida.
Vida Maria,
Vida dificil,
Dificil todos os dias
Ser a mesma Maria.

Mas a morte lhe acalmou
Salvando-lhe em pensamento.
Pobre Maria
Mal sabia que morreu
Da mesma maneira que viveu
Vazia,
Sem qualquer sentimento.

terça-feira, 8 de março de 2011

Chá com leite

Ei, você,
Você mesmo,
Poderia me servir um chá bem quente,
Talvez um pouco de leite também?

Está um pouco frio hoje
E então, gostaria de beber algo quente
Pra esquecer daqueles lá fora
Sem casa, sem cobertor,
Sem um futuro pela frente.

Oh, chá com leite é uma das minhas bebidas
Preferidas no inverno, sabia?
Será que aqueles na rua
Conhecem o seu sabor?

Se não o conhecem
Deveriam fazê-lo...
Este é um dos meus maiores
Prazeres no inverno.

Mas por quanto tempo,
Ainda fingirei que aqueles deitados no chão
Cobertos com papelão
São como qualquer outro cidadão?

Abro os olhos e vejo
Seus rostos tristes,
Seus olhares perdidos
A fome de condições.

Onde estão suas famílias?
Abandonados, esquecidos
Rejeitados, excluidos.
Onde está o seu amor?

Em que condições vivem,
Perdidos no frio e no calor,
Sem um caminho certo a tomar,
Tendo por companhia aquele cachorro
Tão sozinho e abandonado quanto eles,
Tão necessitado de atenção.
Fome pela vida.

Mas tome mais um gole,
Feche os olhos,
Sinta o líquido quente descendo pela garganta...
Não lhe é reconfortante?

Não mais, agora que viu
Que este simples prazer
Não pode ser de todos,
Não te aquece mais o coração
Que tornou-se gélido frente ao sofrimento alheio.

Há quanto tempo estão lá?
Será que se lembram da vida que tiveram?
Será que tiveram outra vida?
Talvez queiram um gole desse chá...

Por favor, me traga mais uma xícara
De chá bem quente
Talvez com um pouco de leite,
Que eu quero engolir tudo isso que pensei,
Porque por eles, já não sei o que posso fazer.
Além de escrever
Enquanto tomo do meu vício de inverno...


Não tinha reparado que tinha ficado tão grande.. enfim.. chá com leite me faz pensar nessas pessoas na rua... sem destino.. sem vida.. sem um amor para mantê-los... sei-la.. um pouco complicado...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Por de trás daquele vidro

Por de trás daquele vidro,
Vejo a discussão do casal
E o choro da criança.

Por de trás daquele vidro,
Vejo o ódio dos pais
E a dor da infância.

Mas atrás de outro vidro,
Vejo um casal apaixonado a se amar,
Vejo beijos intensos e sinceros
Ao momento eternizar.

E atrás de mais um vidro,
Vejo o olhar adolescente,
Na aula entediante,
E o olhar interessado do adulto estudante.

Por de trás de mais um vidro,
Vejo um cachorro acariciado
Pelo seu melhor amigo.

Mas na frente do mesmo vidro,
Um cachorro abandonado
Procurando um abrigo.

Cada vidro, uma cena,
Mais parece com um quadro.
Cada quadro, uma tintura,
Cada tinta, uma história.

Em cada história faz-se um drama,
De um simples observador.
Em cada olhar, escrevo a vida,
Poetizando cada dor.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Nublado

Distante,
Perdida em algum lugar,
Os pensamentos voam sem rumo,
Buscando você
No espaço vazio dos meus braços.

Sinto falta da sua essência.
A abstinência da sua presença
Faz-me desespero,
Falta de ar,
Suplico pelos teus lábios a me guiar.

De olhos fechados ,
Em direção ao abismo,
Me entrego à queda-livre,
E busco o seu corpo para me recolher.

Morro no teu olhar,
No medo de te encarar,
De me perder em teus olhos,
De me entregar,
E amar-te novamente.

Fujo,
Sumo,
Mas não consigo ter você distante.

Choro,
Grito o dia nublado
Que quero reviver.

Meu céu azul,
Meu dia chuvoso.
Falta a lua da minha noite,
Parada frente ao mar em despedida,
Iluminando o casal que não escolheu se apaixonar,
Mas que ama infinitamente além dos pensamentos.

Barrou o vento nos braços teus,
Guardou-me da chuva no teu abraço,
Me acolheu no teu corpo,
E me protegeu de meus sentimentos.

Senti-me bem,
Completa,
Traidora,
Não posso mais te ter.

Senti-me confusa,
Desnorteada,
Embriagada de sonhos.

Me diz
No que pensava
Enquanto segurava minha mão?
O que passava na sua cabeça
Enquanto eu estava em seus braços?

Um dia nublado,
Você do meu lado,
O quadro perfeito,
Das tintas borradas,
Da tela rasgada,
Dos sentimentos em pedaços,
Que lembram o passado
Que não pode mais ser presente.



Mais ou menos isso ai mesmo... algumas partes mais do que as outras... um tanto confuso nesse universo de sentimentos distintos misturados numa coisa só. É.. um pouco perdida eu diria... enfim... estou buscando tempo pra postar coisas aqui...
Até mais o/